A cultura de Cabo Verde possui características singulares. É “mestiça”, como a sua população, numa das misturas mais originais e criativas do continente africano. No período colonial, a pintura não teve particular expressão. Segundo o Instituto das Comunidades de Cabo Verde, esta ganha relevância após a independência do país, altura em que a cultura autóctone foi incentivada. Vieram “gritos de liberdade e de busca de raízes, na qual imperou a febre do nacionalismo revolucionário”, que se reflectiram nesta forma de expressão. Com a abertura do país ao mundo, a pintura evolui, ganhando rasgos de modernidade e dinamismo. Não é apenas a pintura que reflecte a vida e as raízes de um país, também o artesanato espelha o quotidiano da população. A cestaria em caniço, a tecelagem em algodão, o barro vermelho e a tapeçaria são áreas em que se retratam as manifestações culturais, assim como o barro vermelho. Também os trabalhos com casca de coco, o batik, a bijutaria com conchas e as bonecas de trapos expressam a criatividade dos artistas do país.
No artesanato e nas artes plásticas destacam-se nomes como Leão Lopes, Kiki Lima, Tchalé Figueira, Bela Duarte, Luísa Queiroz e Manuel Figueira, entre tantos outros. Nas composições musicais, os eventos socioculturais que mais se fazem sentir são o Carnaval, a passagem de ano, as festas de romaria e outras festas tradicionalmente religiosas, como a do Natal, a de S. João e de outros momentos que dizem respeito aos chamados padroeiros das diversas ilhas e localidades. Nesta como noutras áreas, as influências externas fazem-se sentir, dado tratar-se de um país de emigrantes. Nomes como Cesária Évora e Tito Paris são embaixadores no mundo de Cabo Verde. Para além de ser um país de emigrantes, este é também um país de poetas, símbolo do espírito de aventura dos cabo-verdianos. Nesta área sobressaem nomes como Manuel Lopes, Arnaldo França, Jorge Barbosa, entre outros.
Artesanato
O artesanato tem grande importância na cultura cabo-verdiana. A tecelagem e a cerâmica são artes muito apreciadas no país. Produzido quer para utensílio, quer para decoração, o artesanato do Cabo Verde é muito singular e é verdadeiro instrumento de expressão da cultura popular.
Hoje em dia, ele é igualmente atração para os turistas, constituindo seu fabrico e comercialização o único meio de subsistência para algumas famílias.
Literatura
A literatura cabo-verdiana é uma das mais ricas da África lusófona.
Poetas
Eugénio Tavares, B.Léza, João Cleofas Martins, Ovídio Martins, Jorge Barbosa, Corsino António Fortes, Baltasar Lopes da Silva (Osvaldo Alcântara), José Lopes, Pedro Cardoso, Manuel Lopes, António Nunes, Aguinaldo Fonseca, Teobaldo Virgínio, Gabriel Mariano, Ovídio Martins, Onésimo Silveira, João Vário (Timóteo Tio Tiofe), Oswaldo Osório, Arménio Vieira, Vadinho Velhinho, José Luís Tavares, Vera Duarte, Gabriel Mariano, Amílcar Cabral, etc.
Escritores
Manuel Lopes, Germano Almeida, Luís Romano de Madeira Melo, Orlanda Amarílis, Jorge Vera Cruz Barbosa, Pedro Cardoso, José Lopes, Mário José Domingues, Daniel Filipe, Mário Alberto Fonseca de Almeida, Corsino António Fortes, Arnaldo Carlos de Vasconcelos França, António Aurélio Gonçalves, Aguinaldo Brito Fonseca, Ovídio de Sousa Martins, Henrique Teixeira de Sousa, Osvaldo Osório, Dulce Almada Duarte, Filinto Elísio, Manuel Veiga
Obras literárias célebres
Chiquinho (Baltasar Lopes da Silva), Os Flagelados do Vente Leste, Chuva Braba (Manuel Lopes), O Testamento do Senhor Nepomuceno da Silva Araújo (Germano Almeida), revista Claridade, Hora di Bai (Manuel Ferreira).
Músico
Na música, há diversos gêneros musicais próprios, dos quais se destacam a morna,o funaná e a coladeira. Cesária Évora é a cantora cabo-verdiana mais conhecida no mundo, conhecida como a "diva dos pés descalços", pois gosta de se apresentar no palco assim. O sucesso internacional de Cesária Évora fez com que outros artistas cabo-verdianos, ou descendentes de cabo-verdianos nascidos em Portugal, ganhassem maior espaço no mercado musical. Exemplos disso são as cantoras Sara Tavares e Lura O povo cabo-verdiano é conhecido por sua musicalidade, bem expressa por manifestações populares como o Carnaval de Mindelo, cuja importância faz com que a cidade seja conhecida nos dias dos festejos momescos como "Brazilim" (ou "pequeno Brasil").
Influências
Resultante de uma mestiçagem entre colonos europeus e escravos africanos, que se fundiram num só povo, o crioulo revela, não apenas na cor da pele e na língua, a sua herança europeia e africana.
O carácer afável e hospitaleiro, a sua forma de estar e viver muito próprias, reunidas no termo "morabeza", os seus costumes e tradições, moldadas pelas influências culturais múltiplas favoreceram a emergência de uma identidade cultural diferenciada: o "badiu" (natural das ilhas do sul do arquipélago, Sotavento, marcadamente mais africana) em oposição ao "sampadjudo" (natural das ilhas do norte do arquipélago, Barlavento, de influência mais europeia).
Festividades
Geralmente em Fevereiro, o Carnaval é celebrado em todas as ilhas com especial evidência para os de Mindelo (São Vicente) e São Nicolau; Em Abril, a festa da Bandeira de São Filipe (Fogo); Em Maio o Festival da Gamboa pelas festas da Cidade da Praia (Santiago); Em Junho, as festas tradicionais de São João e Santo António (Brava, Santo Antão e São Nicolau). A tabanka precede o São João (Santiago e Maio);
Em Agosto, o Festival da Baía das Gatas (São Vicente), evento musical com projecção internacional;
Artes plásticas
Só depois da independência em 1975 é que ocorreu o surgimento de alguns artistas no campo da pintura e escultura. Nessa primeira fase, todos os trabalhos pictóricos evidenciavam o grito da liberdade e a alegria da independência. Era o fim de séculos marcados pela escravatura e o colonialismo.
Actualmente, Cabo Verde se abriu para o resto do mundo. Seus artistas vão buscar influências, e até estudar, ao estrangeiro. Há uma certa globalização nas artes cabo-verdianas, mantendo-se, no entanto, certos sinais das raízes africanas, evidenciadas sobretudo na escolha das cores. Os artistas cabo-verdianos têm colocado seus trabalhos em muitas exposições, não só em seu próprio país, como também em Portugal e nos Estados Unidos.
Língua
A língua oficial é o português, usada nas escolas, na administração pública, na imprensa e nas publicações.
A língua nacional de Cabo Verde, a língua do povo, é o crioulo cabo-verdiano (criol, kriolu). Cabo Verde é formado por dez ilhas (nove habitadas) e cada ilha tem um crioulo diferente. O crioulo está oficialmente em processo de normalização (criação duma norma) e discute-se a sua adopção como segunda língua oficial, ao lado do português.
Exemplos para o crioulo: Poemas de Sérgio Frusoni (Crioulo de São Vicente);
Cabo Verde é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP);
Cabo Verde é país-sede de um organismo da CPLP, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)];
Apesar de Cabo Verde pertencer à Francofonia, não se trata de um país francófono;
O inglês e o francês são leccionados no ensino secundário;
Existe uma comunidade de imigrantes senegaleses, especialmente na ilha do Sal, que fala também o francês;
Religião
A liberdade de religião é garantida pela Constituição e respeitada pelo governo. Há boas relações entre as diversas confissões religiosas.
Os cabo-verdianos são nominalmente de maioria Católica Romana (mais de 90%). Outras denominações cristãs também estão implantadas em Cabo Verde, com destaque para os protestantes da Igreja do Nazareno e da Igreja Adventista do Sétimo Dia, assim como a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mormons), a Assembleia de Deus e outros grupos pentecostais e adventista. Há pequenas minorias muçulmanas e da Fé Bahá'í.
A Igreja Universal do Reino de Deus também tem seguidores em Cabo Verde, como também Os rabelados são um pequeno grupo católico tradicionalista específico de Cabo Verde.
Embora não se trate de uma religião, a doutrina filosófica do Racionalismo Cristão, com origem no Brasil, tem também adeptos em Cabo Verde, nomeadamente em São Vicente e na Cidade da Praia.
Meios de comunicação
Estações de televisão
Português: TCV - Televisão de Cabo Verde, RTP África, TIVER, Record de Cabo Verde; Francês: TV5 Afrique;
Estações de rádio
Português: RTC, RDP, rádios locais; Francês: RFI Afrique - FM na Praia, Mindelo, Sal, Fogo e Santo Antão; Crioulo cabo-verdiano: PraiaFM (Praia), Radio Kriola Radio Morabeza (Mindelo); Radio Kriola com acento cabo-verdiano;
Jornais
A Semana (Praia, 1991-); Expresso das Ilhas; Jornal Horizonte (Praia, 1988-); Terra Nova (S.Vicente, 1975-); →Artiletra (S.Vicente, 1991-);
Economia
As ilhas de Cabo Verde têm poucos recursos. Os mais relevantes são a agricultura e a riqueza marinha do arquipélago, sendo que o primeiro é frequentemente afectado por secas.
A agricultura é prejudicada pela falta de chuvas regulares e está restrita a apenas quatro ilhas. O PIB é produzido, em sua maior parte, pelo sector terciário.
Portugal tem fortemente cooperado e ajudado Cabo Verde a nível económico e social, o que resultou na indexação de sua moeda, o escudo cabo-verdiano, ao euro, e no crescimento de sua economia interna.
A economia cabo-verdiana desenvolveu-se significativamente nas últimas décadas, e o país já pode ser contado entre aqueles com desenvolvimento humano médio. O país tem muitos emigrantes espalhados pelo mundo (com especial foco para EUA e Portugal) que contribuem com remessas financeiras significativas para o seu país de origem.
O turismo começa a ser uma fonte de receita importante. As principais ilhas turísticas são a Ilha do Sal e a Ilha de Santo Antão.